Religião movimenta mercado especializado. Mesmo em época de crise na economia, existem alguns nichos de mercado que continuam gerando lucros. O público não está atrás só de um bom produto. O que ele busca são artigos e serviços que estejam de acordo com as suas crenças. As lojas de uma galeria no centro de São Paulo estão sempre cheias. O que atrai tantas pessoas não são apenas os produtos, mas as mensagens que eles estampam. As frases têm um significado especial para os consumidores da igreja evangélica. Cerca de 2 mil pessoas vão a uma galeria todos os dias. Há seis anos, esse número não chegava a 800 clientes por dia. O crescimento de 15% animou o dono da galeria, que pretende construir outro andar com mais 20 lojas. O projeto ainda está no papel e metade das lojas já estão alugadas. - Na crise, geralmente, você se apega mais a uma religião e essa religião acaba crescendo muito mais. Tem um crescimento muito maior, fala o dono da galeria, Luiz Viriato. O casal Mauerberg abriu uma loja há quatro anos. De uma pequena sala de dez metros quadrados, Paulo e Ana se mudaram para uma área quatro vezes maior e acabam de inaugurar a segunda loja. - A gente tem observado esse crescimento nos últimos 4 anos, um crescimento de 30% ao ano, diz Paulo Mauerberg.Há um ano eles lançaram uma linha infantil. - Começaram a pedir muito isso para gente. Resolvemos, então, lançar a linha infantil, com o propósito do filho poder andar com uma camiseta igual a do pai. Foi pela necessidade do mercado mesmo. A linha infantil, hoje, representa em torno de 20% nas vendas, explica Ana Mauerberg. Mas nada vende tanto quanto a música evangélica. O casal Eduardo e Silvana já tem mais de 500 mil discos vendidos. - A gente canta quase que exclusivamente nas igrejas. Então, é todo domingo de manhã e à noite. No sábado à noite também. Semana passada fomos aoPará, na semana que vem, a gente vai para o Rio Grande do Sul. A gente canta muito fora do Brasil. Já cantamos nos Estados Unidos, Caribe, Itália e Portugal, conta Eduardo Andrade. Os CDs rendem às gravadoras R$ 100 milhões por ano. Elias de Carvalho, dono do selo Bom Pastor, explica como o empresário de música evangélica divulga os seus artistas. - O relacionamento que nós temos com o meio evangélico, com as igrejas, com os eventos, enviando esse cantor para que estejam sabendo que ele realmente é um talento, ele vai colaborando para aquele evento. Então, ele começa a aparecer, começa a criar mais corpo. É bom. Acaba ficando conhecido,fala o dono da gravadora, Elias de Carvalho. Cada disco exige investimento de R$ 100 mil, em média. O dinheiro é usado na produção, divulgação e distribuição do CD. O retorno compensa. No ano passado, a gravadora vendeu um 1,2 milhão de cópias - e cada vez amplia mais o seu público. - No segmento infantil, adolescente, música para jovem e as músicas mais tradicionais, fala Elias. Apesar do grande crescimento do mercado evangélico, os católicos ainda representam a maior fatia do público de artigos religiosos. A fama de bons compradores tem atraído até fabricantes de outros países, principalmentechineses. - O mercado tem aumentado o que a gente observa é uma concorrência maior. Hoje, a empresa é obrigada a concorrer também, além dos concorrentes internos, com os concorrentes externos, que são os importados, diz Antônio Ugando, dono de uma fábrica. A saída é inovar. Antônio Carlos Ugando e Áurea Medrado, no mercado há mais de 40 anos, investiram R$ 500 mil para fazer santos de resina. O mesmo material usado nos outros paises. Embora custe duas vezes mais do que o gesso, a resina deixa as peças mais resistentes. O principal segredo nesse negócio é o treinamento dos funcionários. Ocoordenador de produção, Flávio de Andrade, explica os símbolos presentes em cada imagem. - Cada detalhe tem alguma coisa referente à história desse santo. Por exemplo, uma imagem que está apontando para o céu é diferente de outra imagem que tem a mesma mão levantada abençoando, explica a empresária Áurea Medrado. Outro cuidado importante é com as embalagens, uma para cada tipo de peça. Os empresários montaram uma marcenaria para construir as embalagens das imagens enviadas para outras cidades. Os empresários também montaram um show room em uma rua que concentralojas de artigos para católicos. Com isso, as vendas cresceram 30%. - A gente não consegue ter todas essas peças no estoque. As vezes, a gente tem um peça, de 30 centímetros e o cliente quer uma de 25. A gente não consegue ter todas as peças porque é um leque grande de imagens, diz Rosete Scaravonatti, lojista.
Fonte: Marcelo Baccarini
Santo Mercado O mercado religioso, há vários anos vem recebendo especial atenção das empresas que descobriram um público consumidor de 26 milhões de pessoas, de todas as classes sociais, que movimenta cerca de R$3 bilhões por ano. São inúmeros produtos, desde filme estrelado por Padre Marcelo Rossi que custou R$ 7,5 milhões, a bíblias, relógios, cartões de crédito, feiras, eventos, livros, celulares e muitos outros. São cerca de 800 empresas que não sabem o que é crise e têm uma taxa de crescimento de até 30% ao ano. A música gospel movimenta R$100 milhões. Cerca 14% dos CD´s vendidos no Brasil são de cantores ou grupos religiosos. O mercado literário cristão movimenta R$139 milhões e cerca de 8 milhões de bíblias foram comercializadas em 2002 com exportação para 30 países. O personagem de gibi, Smilinguido, da Associação das Igrejas do Cristianismo Decidido, terá tiragem de 100 mil exemplares, haja fôlego... setembro de 2003, fonte: ABMN |